quinta-feira, 31 de julho de 2014

SERTÃO


Nessa terra ressequida, 
Tantas vezes esquecida, 
Pouca água cai no chão; 
De um povo resistente, 
Desde muito padecente 
Das agruras da estação. 

Gente pobre oprimida, 
Generosa e destemida, 
De Luiz, rei do Baião; 
Do forró, da simpatia; 
De prece e de valentia: 
Padim Ciço e Lampião. 

Terra do roceiro bravo, 
Da peleja qual escravo, 
Do vaqueiro de gibão. 
Terra de tanta poesia, 
De viola e cantoria, 
Da festa de apartação. 

Terra do caboco pardo, 
Agarrado em duro fardo 
Nas lidas da plantação; 
De um povo inteligente, 
E de mulherio decente; 
De Lunga e Frei Damião. 

Berço da mãe heroína, 
E da doce cajuína, 
De Alencar e de Tristão. 
Terra de bastante glória, 
A mais fértil da história, 
Conhecida por Sertão.

Eliton Meneses

quarta-feira, 30 de julho de 2014

ACENTO DA EXCEÇÃO

Que a explicação seja breve:

afadiguei-me de emoções caladas
a desrazão traduzida/barrada
não cessa de ser a exceção
acentuada.

Benedito Rodrigues
Membro da APL

terça-feira, 29 de julho de 2014

PROSA COM A LETRA P


Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor, português, pintava portas, paredes, portais. Porém, pediu para parar porque preferiu pintar panfletos. Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder progredir. Posteriormente, partiu para Pirapora. Pernoitando, prosseguiu para Paranavaí, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres. Porém, pouco praticou, porque Padre Paulo pediu para pintar panelas, porém posteriormente pintou pratos para poder pagar promessas. Pálido, porém personalizado, preferiu partir para Portugal para pedir permissão para papai, para permanecer praticando pinturas, preferindo, portanto, Paris. Partindo para Paris, passou pelos Pirineus, pois pretendia pintá-los. Pareciam plácidos, porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos, preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras pareciam precipitar-se principalmente pelo Pico, porque pastores passavam pelas picadas para pedirem pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações, pois, pelo passo percorriam, permanentemente, possantes potrancas. Pisando Paris, permissão para pintar palácios pomposos, procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro Paulo precaver-se. Profundas privações passou Pedro Paulo. Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender partir prontamente para Portugal. Povo previdente! Pensava Pedro Paulo... Preciso partir para Portugal porque pedem para prestigiar patrícios, pintando principais portos portugueses. - Paris! Paris! Proferiu Pedro Paulo. - Parto, porém penso pintá-la permanentemente, pois pretendo progredir. Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porém, Papai Procópio partira para província. Pedindo provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir permissão para Papai Procópio para prosseguir praticando pinturas. Profundamente pálido, perfez percurso percorrido pelo pai. Pedindo permissão, penetrou pelo portão principal. Porém, Papai Procópio puxando-o pelo pescoço proferiu: - Pediste permissão para praticar pintura, porém, praticando, pintas pior. Primo Pinduca pintou perfeitamente prima Petúnia. Porque pintas porcarias? - Papai, proferiu Pedro Paulo, pinto porque permitiste, porém, preferindo, poderei procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois pretendo permanecer por Portugal. Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando pelos pertences, partiu prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo para praticar profissão perfeita: pedreiro! Passando pela ponte precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando. Primeiro, pegaram peixes pequenos, porém, passando pouco prazo, pegaram pacus, piaparas, pirarucus. Partindo pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para procurar primo Péricles primeiro. Pisando por pedras pontudas, Papai Procópio procurou Péricles, primo próximo, pedreiro profissional perfeito. Poucas palavras proferiram, porém prometeu pagar pequena parcela para Péricles profissionalizar Pedro Paulo. Primeiramente Pedro Paulo pegava pedras, porém, Péricles pediu-lhe para pintar prédios, pois precisava pagar pintores práticos. Particularmente Pedro Paulo preferia pintar prédios. Pereceu pintando prédios para Péricles, pois precipitou-se pelas paredes pintadas. Pobre Pedro Paulo, pereceu pintando... Permita-me, pois, pedir perdão pela paciência, pois pretendo parar para pensar... Para parar preciso pensar. Pensei. Portanto, pronto pararei.

Cláudio César 
Engenheiro Agrônomo

quarta-feira, 23 de julho de 2014

PAINEL APL


Morre o gênio do riso, das letras, do bom humor... O melhor do pós modernismo brasileiro na literatura. Clique aqui para ler mais. Ele e sua genialidade deixam órfãos os amantes da boa leitura e do espírito crítico. A Academia Palmense de Letras - APL, perde o seu único patrono vivo. Ariano Suassuna, patrono da cadeira número um da entidade nos deixa hoje para abrilhantar no plano superior que com certeza ficará mais alegre quando de sua chegada lá cheio de prosa e boas histórias para contar.

Deu quando de sua passagem aqui na terra a mais honrosa contribuição para a literatura e a arte do riso, fosse em seus romances, fosse em suas peças teatrais, fosse em suas palestras e histórias contadas em documentários e rodas de amigos pessoais.

Não serei hipócrita para dizer que ficamos mais pobres no quesito letras. Não. Ele deixa um verdadeiro tesouso para ser lido e apreciado por muito de nós que a exemplo de mim mesmo só conheço sua obra atraves das adaptações para tv e teatro.  

Vai Ariano... Ariano vai... Cumpriste com a maior dignidade tua nobre missão aqui na terra. O plano superior o espera!!! Com festa, não tenho dúvidas... Serás bem recebido com certeza...

Tenho dito... E sempre!!!

Manuel de Jesus
Membro da APL

terça-feira, 1 de julho de 2014

PRIMEIRO CANTO DE UNIÃO


Não adianta reclamar sozinho
Se não te entregas para lutar,
Pois não será somente um passarinho
Forte o bastante para anunciar

O sol recente que já vem surgindo
No horizonte de um novo amanhã;
Traz a vanguarda do sonho mais lindo
De toda gente, junta, como irmã.

E se canto é porque creio
Que ainda há por que cantar!
E se sofro é porque teimo
Em amar, em amar...

Mas do que vale toda inteligência
E toda força, toda vaidade?
Não há proveito se tanta potência
Não se cobrir com o manto da humildade.

O anúncio vivo deve se espalhar
Por toda sorte de povo e de terra.
Só há um jeito para começar:
Desprenda o grito que o medo se encerra!

E se canto é porque creio
Que ainda há por que cantar!
E se sofro é porque teimo
Em amar, em amar...

Benedito Gomes Rodrigues