terça-feira, 20 de maio de 2014

AMOR DE CARNAVAL!

Para aqueles que pensam ou não acreditam que amor de carnaval não vinga ou não dá frutos, eis aí uma história interessante, uma verdadeira crônica antológica.

Eram meados da década de LXXX, em que vários acadêmicos moravam numa REU (residência de estudantes universitários). Era janeiro daquele ano, e fevereiro, mês do carnaval, estava se aproximando, quando um dos moradores perguntou a outro colega de quarto onde ele ia passar e brincar o carnaval? E o indagado respondeu que ainda não sabia e que não tinha definido o lugar ou nem sabia se ia brincar de verdade, uma vez que na sua terra natal não tem carnaval e ficar na capital não ia ter muita graça. Camocim, naquela época era muito agitado. Foi quando o colega disse para o outro, que se ele quisesse, era convidado para passar o carnaval na Serra da Ibiapaba, onde morava a sua namorada, e que já tinha uma casa alugada ou cedida e garantida pra galera ficar. Era só levar rede, lençol e roupa de frio. Pois bem. Dias depois, o convidado acabou aceitando a oferta, pegou o busão e subiu a Serra Grande (Serra do Tianguá). 

Segundo apurou na chegada, a casa, na verdade, era um casarão antigo localizado na Praça da Matriz da cidade, com uma linda igreja imponente bem à frente, colada as outras casas, como é comum no interior. Os quartos ficaram com as dondocas e familiares dos donos do novo albergue momesco. A vaga que sobrou para o turista/visitante foi a do corredor, que a noite e de madrugada corria canalizado um vento frio cortante de congelar os ossos, além de suportar os solavancos provocados por quem passava pela estreita passagem central. Mas tudo bem, isso já era esperado, pois fora preparado. Afinal de contas, tudo é festa, e além do mais, só chegava depois das quatro da manhã, após a Turma passar numa badalada cantina da cidade para tentar repor as energias antes do merecido descanso. 

No entanto, já na manhã de terça-feira de carnaval, ao sair para quebrar o tradicional desjejum em outra lanchonete, deu de cara na praça com um grande amigo da época de estágio acadêmico obrigatório da Universidade. Ele disse que é a terra da esposa e estava gostando muito do carnaval, pois era tranquilo e animado. Que a brincadeira era em família. Foi quando esse amigo convidou o visitante do corredor do casarão, dizendo que a melhor festa seria a do Ginásio de Esportes da cidade, e que ele estaria lá com a sua esposa e toda a família dela. Disse ainda que tinha uma cunhada solteira e sem namorado, prometendo apresentá-lo à moça se aceitasse o convite.

O forasteiro/turista ficou lisonjeado e agradeceu o bom e honroso convite, e disse que ia estar lá, vez que já tinha brincado os três primeiros dias no tal Ginásio e também tinha gostado muito. O Ginásio de Esportes (local da festa), nada mais era que uma grande quadra polivalente coberta, com arquibancadas no seu redor, e banheiros e cantina ao fundo. 

Passava da meia-noite, já quarta-feira de cinzas, quando os amigos se encontraram no salão de festa, e sem perder tempo para cumprir o prometido, o bom amigo dirigiu-se à mesa da família da esposa que estava toda ali reunida, e fez a apresentação formal do rapaz para todo mundo, especialmente para a cunhada. Foi quando, após as formalidades sociais e familiares, e seu convite ser aceito por ela, os dois saíram para conversar, dançar e se conhecerem melhor um ao outro. Ao final da festa o rapaz conseguiu o endereço e o telefone da garota. Ele não tinha telefone, pois naquele tempo não tinha celular, e só existia um telefone público em frente à REU e era muito bagunçado e vivia no prego. Desceu a Serra rumo à Praia na quarta de cinzas.

Pensou muito durante os três dias seguintes se telefonava ou não para a casa da cunhada do amigo (a garota da última noite de carnaval). Após refletir muito, tomou a decisão e ligou na manhã de sábado, tendo recebido autorização da moça para frequentar a residência da família naquela noite. O coração do rapaz queria sair pela boca, de tanta emoção. Ali mesmo, nesse dia, começaram a namorar. 

Na semana santa daquele ano, o rapaz retornou a mesma cidade ibiapabana para passar o feriado com sua nova namorada e família dela.

Casaram-se em Fortaleza depois de dois anos de namoro, constituíram família e são felizes até os dias atuais.

Moral da história: AMOR DE CARNAVAL nem sempre é só fumaça, também pode acontecer e permanecer para toda vida.

COSMO CARVALHO
Membro da APL

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