terça-feira, 10 de dezembro de 2013

VERSOS SOBRE O TÚMULO

Por sobre meu caixão
Chove poemas
Versos se espalham
E são minhas flores
E tudo que tenho
Em tudo que há
Porque a poesia que usei
Não é minha
Ela, contudo, está na vida
Nas pessoas
No que perdi
Mesmo que nunca os tenha tido de fato
Nem os versos são meus
Se os enterro comigo
É por teimosia
E porque em cada traço
Há um pedaço de mim
Que se consumirá
Ante o silêncio da terra

Mas me consola
Saber chover versos naquele dia
Que não veio ainda
Mas me consola
Oh, irmão meu que ora me espreita!
Saber que tentarei vazar a tristeza
Com a leveza dos versos que quis fazer
E levei no desejo
De não tê-los escrito
Mas de tê-los vivido
Aqueles versos serão cada lembrança
E cada amor que plantei neste mundo
E do pranto se farão mais versos
E cada choro será poesia
E a alegria de quem quer ser poeta
Chora e ri da própria graça.

Benedito Gomes Rodrigues

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